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sexta-feira, 3 de abril de 2009

Atendimento Pré-hospitalar no Brasil. Parte 3

Corpo de Bombeiros Militar
Criado em 1856 por Dom Pedro II, o Corpo de Bombeiros dispõe de diversos grupamentos, entre eles, o GSE (Grupamento de Socorro e Emergência) que é responsável pelo atendimento pré-hospitalar (APH). Desenvolvido a partir de 1981, foi o pioneiro no resgate de vítimas feridas e atualmente funciona sob um modelo fora das normas do anexo da Portaria nº 2048/GM, desprovido de regulação médica, integração com o Sistema Único de Saúde (SUS) e formação, dos profissionais tripulantes de ambulâncias, por meio dos Núcleos de Educação em Urgências (NEUs). Por outro lado, é o órgão público responsável pela maioria dos atendimentos às vítimas de trauma.A estrutura do GSE, no que tange o atendimento pré-hospitalar, é formada por unidades básicas, tripuladas por condutores e técnicos em emergências médicas (TEM), e por unidades avançadas, tripuladas por condutores, médicos (militares ou não) e TEMs. Algumas unidades dos Corpos de Bombeiros possuem motocicletas, conduzidas por bombeiros socorristas e equipadas com materiais de suporte básico de vida. Aeronaves de asa rotativa são utilizadas no atendimento às vítimas graves.O Corpo de Bombeiros possui uma central telefônica, 193, a qual direciona as ocorrências para o quartel mais próximo do evento. Contudo, não há regulação médica integrada a outros serviços e as vítimas são quase sempre removidas para os hospitais de referência. Além disso, os bombeiros não atendem no domicílio. As emergências nestes locais somente receberam atenção após 2003, com a implantação do serviço de atendimento móvel de urgência.



Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU)

O SAMU é o principal resultado da Política Nacional de Atenção às Urgências. Ele reflete a opção, do Ministério da Saúde (MS), pelo modelo franco-alemão de atendimento pré-hospitalar, tendo como principais características a regulação médica e integração total com o SUS, assim como, monitorização e regulação total das vagas disponíveis em todos os hospitais credenciados pelo MS, sejam públicos ou particulares. Segundo o MS, atualmente, o SAMU atende 926 municípios, conta com 114 serviços e cobre 92.7 milhões de brasileiros.A estrutura do SAMU, no que se refere às ambulâncias, é composta de seis tipos: A; B; C; D; E; F, respectivamente, transporte, suporte básico, resgate, suporte avançado, aeronave de transporte médico e embarcação de transporte médico. As unidades de suporte básico são tripuladas por um condutor e um técnico de enfermagem, nas unidades avançadas a tripulação é composta por condutor, médico e um enfermeiro.A rede nacional SAMU 192 é a regulação médica das urgências e emergências pré-hospitalares. Isso confere um atendimento médico direto e indireto a todas as chamadas, permitindo uma resposta mais bem adaptada, assegurando a disponibilidade de hospitalização, além de organizar o transporte e preparar a admissão do paciente no hospital.



Bombeiros x SAMU

A integração entre o SAMU e Bombeiros não é expressiva. Os pioneiros não abrem mão do seu sistema de atendimento e sua hierarquia, enquanto o SAMU, regulamentado de acordo com todas as portarias vigentes, se propaga como modelo nacional. “Mais que um choque de competências, é um embate de diálogo e treinamento.” (Mir/2004). O prazo cedido pela Portaria nº 814/GM de 2001 foi de três anos para que todos os serviços de APH se adequassem as suas normas, entretanto, a padronização nacional ainda não é uma realidade.Na maioria das cidades os dois serviços não são integrados e sequer possuem comunicação entre si, isso implica, muitas vezes, no acionamento dos dois órgãos para a mesma ocorrência, aumentando o gasto público, atrito entre os profissionais e, principalmente, deslocando desnecessariamente uma ambulância. Vale ressaltar que em algumas cidades, como por exemplo, Araras/SP e Rio de Janeiro/RJ, o Bombeiro e o SAMU são integrados, no Rio de Janeiro, especialmente, o Corpo de Bombeiros é quem coordena o SAMU, despachando algumas vezes viaturas do 192 para ocorrências acionadas pelo 193, inclusive. Isso ocorre porque algumas ambulâncias ficam alocadas em quartéis dos bombeiros.O conflito entre as duas entidades esta longe de ser simples. O diálogo deve ser intensificado e direcionado para um ponto comum: Melhor resposta e atendimento. No ponto de vista da maioria dos especialistas, mais importante do que discutir a padronização dos sistemas é criarem uma regulação médica única e articulada. Talvez esse seja o primeiro passo para melhorar o sistema.



(Por Paulo Pepulim)

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