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quinta-feira, 2 de abril de 2009

Atendimento Pré-hospitalar no Brasil. Parte 2



Da legislação à prática
Após duas arrastadas décadas de evolução legislativa na área de urgência e emergência, principalmente, em sua fase pré-hospitalar, o Brasil tem uma legislação ampla, contudo, longe de ser completa. Adicionando-se a isso, não há uma padronização de todos os serviços de atendimento pré-hospitalar (APH) brasileiros, poucos se adequaram às normas da Portaria n.º 2048/GM. Segundo Mir/2004, “Atualmente, as estruturas dos serviços de atendimento pré-hospitalar do Brasil são diferenciadas, com várias identificações, atuações, atividades, competências, dificultando a implantação de um método nacional”.

Sistema desarticulado
A desarticulação acontece, primeiramente, na porta de entrada das emergências, ou seja, nas centrais telefônicas, estas recebem ligações da população solicitando assistência. No Brasil temos diversas organizações responsáveis pelo atendimento de emergência, as principais e públicas, são: Corpo de Bombeiros; SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência); Defesa Civil e Polícia Militar. Com os números: 193, 192, 199 e 190, respectivamente. Apenas em poucos lugares há a comunicação direta entres os serviços. Em Araras/SP, por exemplo, há certa integração entre o Corpo de Bombeiros e o SAMU, os dois são coordenados por uma central telefônica, a qual distribui as ocorrências, porém outras instituições não participam.

O vasto território brasileiro clama por uma central única, como o 911 dos EUA ou o 000 da Austrália, os quais o circunstante liga e informa sua emergência, ao receber a chamada, o atendente (com treinamento específico) avalia a natureza do evento e despacha a ocorrência para os órgãos mais próximos e competentes para o atendimento (Paramédicos, Bombeiros ou Polícia). Além disso, em caso de emergência médica, o atendente instrui o solicitante a realizar os primeiros socorros, aumentando a possibilidade de sobrevida da vítima. A centralização das chamadas de emergência em apenas um número, permitiria, no Brasil, à integração entre os setores e, conseqüentemente, uma melhor e mais rápida resposta às emergências. Vale ressaltar que a memorização de um único número seria mais fácil para toda a população.

Nossa decoaptação entre os setores vai além. A falta de um canal de comunicação entre as unidades de APH e o hospital, provoca um grave retardo no atendimento da vítima no centro de tratamento definitivo. Por exemplo, se uma unidade de suporte avançado atende um paciente com traumatismo penetrante cardíaco, mas não tem como se comunicar com o hospital de referência, ao chegar à sala de emergência, a equipe cirúrgica não estará imediatamente pronta para a intervenção. O sistema de comunicação, de preferência direta (via rádio), entre APH e pronto socorro (PS) é imprescindível para um melhor prognóstico das vítimas de trauma.

Outra divergência é a falta de inter-relacionamento das equipes do PS com a do APH. O elo entre os dois segmentos do atendimento é o médico regulador, o qual deve, ao início de cada plantão, entrar em contato com os coordenadores dos hospitais de referência para inquirir a capacidade de atendimento de cada centro (esta é umas das funções obrigatórias do médico regulador). Tal medida evitaria grande parte do atrito entre as equipes.



Perspectivas
O Brasil tem um longo caminho pela frente. As dificuldades são diversas, não há uma intersetorialidade concreta entre os responsáveis pelo atendimento de emergência. Não obstante, há esforços sendo feitos. Muitos serviços, por conta própria, criam seus canais de comunicação e articulação com os demais setores, assim como, muitos tripulantes das unidades de resgate se comunicam via telefone (muitas vezes particular) com o hospital de destino.

A articulação entre os setores tem sido o foco de muitas discussões, demos um grande salto com a regulamentação do APH, mas no que tange a formação acadêmica dos profissionais envolvidos com a emergência evoluímos pouco. Acredito que o Brasil tenha um futuro promissor no APH, só que para isso é necessário um diálogo extenso entre as secretarias de saúde e os serviços de APH existentes no país.

Continua...

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